
Taça das favelas debate saúde mental e autocuidado
Workshop fez parte da agenda de ações sociais do campeonato
Na edição de 2025, a Taça das Favelas São Paulo escolheu o tema saúde mental e autocuidado para o seu workshop, um evento que integrou o calendário de ações sociais do maior campeonato entre favelas do mundo. A atividade aconteceu após o lançamento da competição, no mesmo dia e local, 28 de maio, Praça das Artes.
A abordagem foi desenvolvida por duas integrantes da Federação Paulista de Futebol, Kin Saito, diretora executiva de futebol feminino, e Gleice Silvestre, do departamento de integração com atletas, junto à psicóloga esportiva Andressa Silvestre. Elas falaram diretamente para atletas e comissões técnicas das mais de 100 favelas participantes da competição realizada pela CUFA e produzida pela InFavela.
Gleice, que é ex-atleta, disse sobre as mudanças entre a época em que jogava e os dias atuais. “Antes, não tínhamos psicólogo, esse cuidado e essa visão. Hoje, isso existe e faz toda a diferença para a saúde dentro e fora de campo, especialmente no trato das emoções. Independentemente dos resultados, é fundamental lembrar que, por trás de um atleta, existe uma pessoa. Por isso, na Federação, também estamos desenvolvendo esse olhar em conjunto com as comissões técnicas dos times.”
Majoritariamente, os atletas da Taça das Favelas são jovens e acabam sendo fortemente influenciados pelas redes sociais. Durante a conversa, uma das lideranças dos times levantou a questão de como lidar com os impactos das redes na mentalidade dos jogadores, pergunta respondida pela psicóloga Andressa. “Cada pessoa lida de forma diferente com as redes sociais. Muitas vezes, um comentário negativo pesa mais que vários positivos. Por isso, é importante conhecer o atleta, evitar o uso do celular antes e depois dos jogos e lembrar sempre: o que está nas redes não define quem você é, cada um tem sua história.”
Outro ponto discutido foi que muito se fala sobre saúde mental e autocuidado, mas que a efetividade dessas práticas está diretamente ligada ao ambiente. Andressa Silvestre ressaltou que “ a pressão faz parte e, na psicologia, é chamada de ativação, algo que nos impulsiona. Mas, quando ultrapassa os limites e começa a paralisar, é sinal de que precisamos cuidar. É fundamental que a comissão técnica tenha esse olhar, flexibilizando e criando um ambiente mais acolhedor, onde os atletas se sintam à vontade para se abrir.”
E então, Kin Saito fez uma reflexão: “Hoje, pedir ajuda é um dos maiores atos de coragem que alguém pode demonstrar. Às vezes, achamos que ser vulneráveis é sinal de fraqueza, mas não é. Na verdade, é uma forma de resgate, de empatia, um espelho que permite ao outro também reconhecer que precisa de ajuda. Temos que nos permitir dizer que precisamos de apoio.”
Depois do workshop, foi realizado o sorteio das chaves que definiu os grupos femininos e masculinos. Os jogos da Taça das Favelas São Paulo série A 2025 começam no dia 7 de junho, no campo da Vila Manchester, zona leste da capital.